A Beleza da Alma

Por Daniel Nunes em 11/09/2013

 

Espelho, espelho meu! Existe nesse mundo alguém mais belo do que eu!
Vejam só!! E ainda há quem diga que contos de fadas são estórias bobas para crianças. Mas nos contos há um detalhe que os difere absolutamente da vida real – o bem e o mal estão separados e, onde há um não pode haver o outro. E qual de nós, quando criança, desejou ser a madrasta, a bruxa, o ladrão, o lobo?? Queríamos ser príncipes e princesas!! Queríamos derrotar o mal!!
Existe uma necessidade de ser assim para a criança, mas esta criança crescerá e encontrará ao longo de sua vida todos esses personagens dentro de si. E cá estamos nós, tendo que aprender a conviver conosco. Cada um do seu jeito num caminho que, sem sombra de dúvidas, busca uma harmonia interior. Mas lá está o espelho!! Eu me olho e, a cada dia, julgo minha aparência de acordo com meus critérios. Meus critérios?!?!? Será mesmo que fui eu quem escolheu a beleza que desejo??!?
Bem.. sou um terapeuta com formação em psicologia junguiana. Sendo assim, falarei como tal.
Mas antes quero fazer umas perguntas.
Quantas vezes conhecemos pessoas que inicialmente são lindas aos nossos olhos, mas com o tempo se tornam feias? Quantas fadas e príncipes se tornaram bruxas e sapos? E quantas vezes conhecemos pessoas que nos parecem feias de início e que depois fazem brilhar nossos olhos? Mas o que aconteceu? O que fez sua imagem mudar para nós? Quem ou o quê mudou?
Certamente não existe uma resposta única que atenda a todas as situações. Mas o que eu quero mostrar, antes de qualquer coisa, é que nós podemos usar esses exemplos para entender que a beleza é RELATIVA. Relativa ao meu estado de espírito, relativa ao meu sentimento por cada pessoa, relativa aos meus valores, mas PRINCIPALMENTE, relativa à minha capacidade de aceitar o belo e o feio que existe dentro de mim.
A beleza relativa ao estado de espírito é fácil de entender. Quando estamos felizes, nós nos sentimos belos e tudo fica mais belo ao nosso redor. Pronto! E aqui já se encontra o primeiro grande obstáculo – se uma pessoa não consegue se sentir bela e não vê beleza ao redor, estará ela feliz?
A beleza relativa ao sentimento por cada pessoa também não é complicada. Dia a dia os nossos sentimentos pelas pessoas vão sendo transformados de diversas maneiras. Na medida em que uma pessoa vai se tornando querida, vamos admirando cada vez mais suas características e, consequentemente, ela vai se tornando bela.
A beleza relativa aos valores parece muito simples, mas vejo que ela contém em si uma grande chave de nossa transformação pessoal. Certa vez pedi a um adolescente de 15 anos para ele me mostrar as mulheres que ele achasse bonitas. Conclusão.. não houve acordo. Os valores dele eram ainda tão diferentes dos meus que não haviam pontos de encontro para a beleza. E sabem o que eu mais gosto nesse tema – de ser surpreendido pela vida!! Gosto muito de ver que muitas vezes a vida me dá oportunidades de reconhecer meus julgamentos. De perceber o quanto meus valores ainda estão atados à aparência das pessoas e, de repente, andando pelas ruas, ao ser abordado por alguém que não me parece ‘interessante”, sou surpreendido por alguma forma de beleza que se ocultava, não na pessoa, mas em minha ignorância e preconceito.
Mas por fim, falei há pouco da beleza relativa à capacidade de se aceitar o belo e o feio em si. Ao meu ver, aqui está não apenas o ponto principal deste sentimento que oscila entre vaidade e auto-estima, mas também um dos principais pontos que não nos permite hoje viver em paz nesta Terra. Aqui vou buscar ser breve pois o tema é muito amplo e complexo. Conheço pessoas que, por mais fisicamente belas que sejam, não conseguem se ver assim ao espelho. Ao passo que há pessoas que, mesmo não possuindo a beleza que se apresenta em vitrines, novelas e propagandas, sentem-se belas. E certamente também há belas que se sentem belas e feias que se sentem feias. Ai meu Deus!! Como tratar de um assunto tão delicado?? Como mostrar aos que não veem ou não querem ver?? Então faço uma pergunta: Você, que permaneceu neste texto até agora, consegue reconhecer que há um “bixinho feio” dentro de você? Que aquilo que você mostra às pessoas não é tudo, mas parte de você? E que esta parte que as pessoas não veem, você morre de medo de mostrar? Então eu lhe digo.. esse bixinho está em todos nós, mas quando não o aceitamos, ele se torna um monstro!! A psicologia junguiana deu o nome a esse bixinho de Sombra. Mas como não tenho muito tempo, quero que o leitor procure entender que essa Sombra é uma pedra preciosa vestida e escondida pela nossa ignorância. Trago a você o conto da Bela e a Fera. Neste conto, para que a Fera pudesse virar príncipe, ela precisou ser verdadeiramente amada pela Bela. E é esse amor por nós mesmos que eu vejo como a verdadeira semente da cura para a maioria dos males que afligem a nós.. a todos nós!! E esse é um dos pilares do meu trabalho – permitir que as pessoas possam encontrar o caminho para transformar suas “Feras” em Belas flores da alma!

Palavras-chave: psicologia junguiana
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